sexta-feira, 31 de julho de 2009

Orelhas de Elefante #2



Porque há músicas de outras dimensões.

Eric Matthews, "The Imagination Stage", Empyrean Records, 2008

quinta-feira, 30 de julho de 2009

a poesia não me interessa #2



Uma escrita que suporte a intempérie,
que se possa ler sob o sol ou a chuva,
sob o grito ou a morte,
sob o tempo nu.

Uma escrita que suporte o infinito,
as gretas que se repartem como o pólen.
a leitura sem piedade dos deuses,
a leitura iletrada do deserto.

Uma escrita que resista
à intempérie total.
Uma escrita que se possa ler até na morte.

Roberto Juarroz, "Poesia Vertical", Campo das Letras, 1998

quarta-feira, 29 de julho de 2009

o homem da quarta-feira #2



A partida de Xadrez

"Um ing|ês e uma mulher da Rússia conheceram-se em Capri e viveram um breve e pungente encontro de amor. Depois o Inglês regressou a Londres e a mulher à grande planície. Decidiram continuar o seu amor jogando uma longa partida de xadrez à distância. De tempos a tempos, chegava da Rússia uma carta com uma jogada a fazer e, logo depois, chegava à Rússia uma carta com os números de Londres. Entretanto o inglês casou e teve três filhos. A amante viveu também um matrimónio feliz. A partida de xadrez prolongou-se ainda por vinte anos, com uma carta de cinco em seis meses. Um dia chegou ao inglês uma jogada de cavalo tão astuta que lhe ganhou a rainha. E ele percebeu que a jogada fora realizada por outra pessoa para lhe indicar que a mulher falecera."

Tonino Guerra, "Histórias Para Uma Noite de Calmaria", Assírio & Alvim, 2002

terça-feira, 28 de julho de 2009

o asilo



©Bertolucci, Bernardo;1970

segunda-feira, 27 de julho de 2009

o Mal-estar da Civilização #2


"A conclusão evidente é que o amor e a amizade devem compreender toda a humanidade e que devemos amar todos os nossos irmãos humanos sem discriminação. Este mandamento não é novo. A nossa razão é perfeitamente capaz de compreender a sua necessidade e a nossa sensibilidade é capaz de apreciar a sua beleza. E no entanto, tal como somos feitos, somos incapazes de lhe obedecer."

Konrad Lorenz, "A Agressão (Uma História Natural do Mal)", Relógio D'Água, 2001

domingo, 26 de julho de 2009

Retrato de Família #1



Georges P. Karamazov (1936-1982)


sábado, 25 de julho de 2009

dicionário das causalidades #1


A

Anti-herói


"Em redor do herói tudo se torna tragédia, em redor do semideus drama satírico;
em redor do Deus tudo se torna - como? talvez "mundo"
?"

Friedrich Nietzsche, "Para Além do Bem e do Mal", Guimarães Editores, 1982

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Orelhas de Elefante #1


Porque há musicas de outras dimensões.

John Foxx and Robin Guthrie, "Mirrorball", Metamatic Records, 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

a poesia não me interessa #1


O Grito

Dos dias, sim, mas das noites
quem pergunta pelo nome
essas flores selvagens
(seriam flores?)
trazidas pelo teu assobio

A beleza nunca é clara
no modo em que se aproxima
Somos com certas coisas
um mundo ainda terrível
incapaz de explicações

sem nenhuma das certezas
mesmo aquelas, ínfimas, que sustentam
uma palavra, um olhar ou um grito

Só nos resta a maneira
mais pura:
de igual para igual
tão desconhecidos

José Tolentino Mendonça, "De Igual para Igual", Assírio & Alvim, 2001

quarta-feira, 22 de julho de 2009

o homem da quarta-feira #1


Viver

Atacado ao longo do caminho por salteadores que o roubam e maltratam, o homem, sobrevivendo, regressa por fim a casa para preparar a próxima viagem.

Gonçalo M. Tavares, "Breves Notas Sobre o Medo", Relógio D'Água, 2007

segunda-feira, 20 de julho de 2009

o Mal-estar da Civilização #1



"A angústia é algo que anda connosco, que sempre e por toda a parte nos acompanha. Procuramos sempre livrar-nos dela pela mentira, insuflando na nossa existência uma coragem fictícia e nas nossas acções um optimismo vil, e é por isso que toda a nossa existência é falseada e que as agressões e a violência são inevitáveis. Só quando tivermos coragem bastante para aceitar a angústia poderemos retomar um caminho mais autêntico e mais honesto."

Stig Dagerman, "Jogos da Noite", Antígona, 1992

domingo, 19 de julho de 2009

Uma Irmandade de certa forma #1



O apelido de certa forma intitula a irmandade.
O que há de vivo na tradição da família não é no passado,
mas no presente que existe.
Hoje, Ser Karamazov, é Ser capaz de mito e matemática,
de física e poesia, de anedota e metafísica, de cálculo e de sonho.

Veremos de que forma.